terça-feira, 23 de maio de 2017

Construção do Curtiss Hawk P6E da Carl Goldberg

Nos anos 80 ganhei de minha irmã Rosana, que voltava de uma viagem aos EUA um kit do Curtiss hawk P6E da Carl Goldberg. Ao abrir a caixa fiquei encantado com o kit, mas ao ver as asas injetadas em isopor entrei em pânico, pois não tinha ideia de como fazer o acabamento nelas. Decidi então guardar o kit até ter experiência suficiente para construi-las. Passados 40 anos, finalmente decidi montar o modelo que apesar de parecer fácil demandou um bom tempo e paciência, principalmente nas asas de isopor. Vamos ao trabalho.
Como não há nada de especial no começo da construção, postarei apenas as fotos e breves comentários.




 A fita crepe serve apenas para limitar o spray da cola de contato da 3M que usei para colar o reforço interno de compensado.








Colei então, a outra chapa de balsa da parte externa da fuselagem.





Vale a pena ressaltar, que é aconselhável sempre se usar um guia para a colagem com cola de contato,pois como o próprio nome diz, a cola adere  ao contato,sem chance de reposicionar a peça,por isso eu sempre uso alfinetes nas extremidades da peça para não ter perigo de colar fora da posição.    Na foto você vê apenas um dos muitos alfinetes guia.




Como as chapas ficaram muito rígidas depois da colagem, decidi fazer a construção sobre a planta para não comprometer o alinhamento. Perceba que para curvar as chapas tive que usar grampos de enorme força, do contrário, jamais conseguiria manter tudo no lugar.







Depois de finalizada a construção da caixa, finalmente chegou a hora de colar o topo da fuselagem em ABS, mas para minha infelicidade a peça havia se deformado com o tempo. Tive então que improvisar, tratei de achar um pedaço de styrofoam que tinha guardado a tempos e comecei a esculpir o topo da fuselagem. Parece coisa de outro mundo, mas é mais simples do que vocês imaginam,´pois o styrofoam é muito fácil de cortar e lixar.













    








Pronto.Agora vamos as asas. Eu tenho fixação por usar flap. Depois que nos acostumamos a pousar um modelo com flap, é difícil deixar de usar este artifício, por isso decidi colocar flaps, mesmo sabendo que não existe flap no P6E. A Goldberg sugere apenas ailerons na asa de baixo,mas eu optei por instala-los nas duas.




Para fibrar o styrofoam catalisei 30 gramas de resina epoxy e as dividi em dois potes. Em um deles acrescentei aerosil até que resina ficasse com a viscosidade de pasta de dente e com um pincel passei a pasta de resina por toda a superfície do styrofoam para tampar os poros e irregularidades como riscos, amassados batidas etc. Cortei um pedaço de tecido com a trama bem fechada de 2 oz e com o pincel apliquei sobre o tecido a resina liquida que havia reservado no começo.





Esperei por alguns minutos até a resina ser bem absorvida pelo tecido, cortei com uma tesoura o excesso de tecido e retirei o excesso de resina com papel toalha, passando levemente o pincel sobre o papel que aos poucos vai absorvendo o excesso de resina. É importante ressaltar que não devemos secar demais o tecido, pois alem de enfraquece-lo, dificulta o acabamento posteriormente. A razão pela qual eu optei por usar o papel toalha para retirar o excesso de resina e não uma espátula é que seria difícil aplicar a espátula entre os struts das asa.




Dei os retoques finais segurando o papel toalha com a mão, tomando cuidado para não aplicar demasiada pressão, que resultaria no enrugamento do tecido. Pronto! Agora é só esperar alguma horas e dar acabamento com uma lixa 150.




Construí então o profundor e leme e colei uma tirinha de compensado de um milímetro por todo o bordo de fuga para me guiar durante o lixamento. Este procedimento me garante um perfeito guia para o alinhamento da lixa, dando precisão de milímetros. Para lixar superfícies de comando como leme e profundor, eu aplico fita dupla face na bancada e colo a lixa nela, assim tenho uma superfície plana e fixa.








Aqui um dos lados do profundor já lixado e o outro ainda bruto. Seria impossível tal precisão sem a tira de compensado guia.





Depois de construir o leme e o profundor eu finalmente fiz o acabamento do toco de madeira da cauda. Colei a fuselagem apenas ponteando com duas gotas de ciano a mesma vareta que usei na construção do profundor, somente como espaçador provisório, em seguida colei o toco da cauda.




Com o taco de lixa fui ajustando o toco até ficar paralelo a fuselagem, sempre usando uma régua para garantir o alinhamento.




Depois foi só arrancar as varetas guia que estavam apenas ponteadas com bonder, arredondar os cantos e abrir o rasgo do leme.










Decidi então entelar a asa com fibra. Como a parte debaixo da asa superior tem anedro eu optei por fazer de uma só vez, sem emendas no tecido. Catalisei trinta gramas de resina epoxy e os dividi em dois potes, e a um dos potes adicionei aerosil até a resina ficar com a viscosidade de pasta de dente. Com uma espátula plástica passei a massa nas batidas, amassados e buracos da asa.







Coloquei o tecido sobre a asa e gentilmente alisei com as mãos para tirar as rugas...





Com o tecido já fixo a asa pela pasta de resina, eu aproveitei para cortar o excesso, sempre deixando uma sobra para fazer os bordos de ataque e fuga.





Como a resina já estava catalisada há uns dez minutos eu decidi derrama- la sobre a asa, pois quando espalhada o endurecimento é bem mais lento do que no pincel onde grandes quantidades ficam acumuladas no pote. Depois de espalhar a resina sobre a asa deixei que repousasse por uns dez minutos para que todos os poros do isopor e da fibra fossem preenchidos, só então retirei o excesso com a espátula plástica. Os bordos eu fiz com os dedos e um pedaço de papel toalha.




As superficies menores como ailerons e flaps , eu normalmente os fixo com dupla face a um pedaço de balsa para ficar mais fácil de trabalhar e aplicar a resina.




Como sempre faço em meus modelos, eu copio as peças de ABS e as lamino em fibra. Para tal, uso massa plástica para fazer um molde descartável. Com um pedaço de papelão que sobrou de uma embalagem no meu lixo fiz a flange da carnagem e um pedaço de balsa completei a peça. Passei carnaúba e espalhei a massa plástica em cima do modelo da carenagem.













Passei carnaúba no molde e laminei a peça com duas camadas de tecido de 2 e 6 OZ. Pronto!!!!







A parte de cima da asa eu preferi fibrar em duas etapas,  para poder fazer a sobreposição do tecido na região central onde os elásticos que sustentarão a asa farão maior pressão e poderiam amassar a asa. Perceba a faixa mais escura ao centro com duas camadas de tecido. 





Enquanto a asa superior seca eu resolvi abrir as caixas dos servos e as canaletas das extensões dos servos na asa de baixo. A cor marrom nos cantos das caixas de servo é por conta do microbaloon misturado ao epoxy.




Depois de abertas as canaletas eu as cobri com balsa.




Abri em cima o acesso as extensões





A seguir, instalei os torque rods dos flaps e fibrei a parte inferior  e superior da asa de baixo.











Para fazer um perfeito ajuste da carenagem a fuselagem , eu cobri a carenagem com duas camadas de fita crepe, passei carnaúba na fita crepe e apliquei massa plástica sobre tudo. depois lixei e retirei a fita crepe. Pronto!







Para garantir que nada se quebre ou trinque no futuro, fibrei toda a fuselagem com tecido de 3/4 OZ.




O radiador depois de montado e lixado ficou muito frágil, para garantir não ter dor de cabeça, também o fibrei. 








Com as peças de fibra das polainas das rodas prontas, cortei com o disco de diamante até as marcas da caneta e as uni com fita crepe, e por dentro apliquei o tecido. A resina deve estar um pouco mais grossa que o normal, como leite condensado, para tal adicionei aerosil aos poucos até chegar na viscosidade desejada.





















Para fazer os links que unem um aileron ao outro, eu optei por usar fibra de carbono, pois as peças ficam delicadas e muito fortes, inquebráveis. Como sempre faço, desenho na fita crepe e aplico o desenho a chapa de carbono.







Retirei a fita crepe da peça pronta e o reapliquei a chapa de carbono para cortar outra exatamente no mesmo tamanho, depois lixei as duas peças juntas para garantir a precisão,










Com o disco de diamante abri o rasgo nos ailerons e colei com epoxy e fibra moída,







Como sempre faço em meus modelos eu opto por fazer os horns , pois além de ficarem mais delicados e fortes, facilita o acabamento. O único cuidado é faze-los exatamente iguais , caso fiquem diferentes teremos assimetria nos comandos. Desenho o horn na fita crepe, colo a cantoneira de carbono feita por mim e corto. A outra peça deve ser feita em espelho, basta colar dupla face ao  mesmo gabarito de fita crepe e aplica-lo ao contrário na cantoneira de fibra.







Com a fresa abro a cama no profundor e leme e usando uma régua como guia colo-as com epoxy. É importante o uso da régua, pois ao catalisar o epoxy tende a empurrar a peça para fora do nível o que acarretará enorme dor de cabeça no acabamento, você terá que rebaixar o horn na lixa , o que não só é difícil, mas  também enfraquecera o horn, afinando-o.








Pronto!!





O acabamento da peça do trem deu um trabalhinho, mas fazer o que, né? Comecei colando uma tira fina de compensado no bordo de fuga como guia da lixa...




Abri e lixei o rasgo do arame do trem.








Passei carnaúba a fita crepe e a colei nas polainas de fibra para a massa plástica não aderir.
















Como sei que essa peça fatalmente quebrará com os pousos e decolagens, decidi fibra-la para poupar fadiga no futuro.



Para terminar o modelo só faltava a instalação dos suportes dos struts nas asas, mas nem vou ousar comentar, pois jamais conseguiria expicar a chatice que foi.






Os struts fornecidos no kit são de compensado de um milímetro, muito frágeis, decidi então corta-los em carbono. Para copiar as peças eu apliquei fita crepe sobre a placa de carbono, transferi o contorno e cortei com o disco de diamante.




Os detalhes da metralhadora e escarpamentos foram copiados direto da planta usando a transparência da fita crepe. Para retirar a fita sem estragar a planta eu usei solução desengraxante que amolece a cola que se solta sem deixar vestígios ou rasuras.










Ao ler o manual para abrir a saída de ar, descobri onde aprendi que a saída  deve ser pelo menos o dobro da entrada.








Agora só falta eu pegar o motor que está num modelo na fazenda e abrir a saída do escape.